Artigo de opinião
publicado no diário ‘As Beiras’
em 31 de Outubro
de 2012
Ao contrário do que poderia
parecer pelo título, intencionalmente sensacionalista, não vamos aqui falar de
invasões de extraterrestres, de colisões com cometas ou asteroides, ou de
quaisquer outras especulações próprias de filmes de ficção científica.
Falaremos, sim, de coisas reais, que já aconteceram no passado e que voltarão a
acontecer porque essa é a natureza do Universo.
Já algumas vezes nesta crónica
referi a crescente e inevitável dependência do nosso mundo em relação às
tecnologias da informação e comunicação (TIC). Um ataque informático que
deixasse inoperacional redes e serviços de TIC teria consequências
imprevisíveis na economia e na própria civilização, já que poderia afectar
infraestruturas críticas, paralisar a produção de bens alimentares ou outros, e
levar a uma escalada bélica de dimensão indeterminada.
Felizmente que um ataque
desse tipo é muito improvável. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer de um
fenómeno físico inevitável, embora pouco frequente, que pode, em poucos
minutos, tornar inoperacionais as redes de energia eléctrica à escala de
continentes ou do globo, paralisando, consequentemente, tudo o que funciona a
eletricidade: as tempestades solares.
De facto, a nossa estrela –
o Sol, sem o qual a vida na Terra não seria possível – é agora uma das
principais fontes de preocupação para a Humanidade. As tempestades solares,
nome pelo qual são conhecidas as emissões de massa da coroa solar, ocorrem
constantemente. No entanto, existe um ciclo de onze anos, ao longo do qual a
intensidade e frequência das tempestades varia entre um mínimo e um máximo. No
final de 2012 e princípio de 2013 ocorrerá um máximo.
As tempestades solares
transportam milhões de toneladas de partículas carregadas electricamente que,
ao atingirem o nosso planeta, interagem com o seu campo magnético e criam
fortíssimas correntes induzidas em todos os sistemas elétricos, com especial
efeito em linhas e transformadores de alta tensão. Estes transformadores,
extremamente caros e de difícil manufatura, para os quais não existe rápida
capacidade de reposição a nível mundial, podem ficar completamente queimados
durante uma tempestade solar.
1859, 1921 e 1989 foram
anos de intensa atividade solar. No último caso, a rede eléctrica da província
canadiana do Quebec foi fortemente afetada, deixando milhões de pessoas sem
energia durante 9 horas. Felizmente que essa tempestade não foi tão má como as de
1921 e de 1859, épocas em que as redes eléctricas eram ainda embrionárias.
Uma tempestade solar como a
de 1859 causaria hoje prejuízos e reveses à escala mundial e lançaria o caos. Infelizmente,
o avanço tecnológico generalizado não nos protegeu melhor de uma eventualidade
destas. De facto, até nos tornou mais vulneráveis.
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