“Onde estás?” Esta é uma
pergunta que corre o risco de tornar-se desnecessária num futuro próximo, pois
os sistemas e aplicações de localização estão cada vez mais divulgados e
encontram-se em crescente utilização.
Graças ao vertiginoso desenvolvimento
das tecnologias da informação e comunicação (TIC), existem hoje vários serviços
de localização de pessoas, muitos dos quais baseados nas redes sociais. Para
muitos, são serviços de grande utilidade, que podem, até, contribuir para o
aumento da segurança e bem estar, mas muitos outros questionam-se sobre o
impacto que o controlo de localização de pessoas pode ter na confiança mútua em
particular e na sociedade em geral.
Quando aplicada à
localização de crianças ou jovens pelos seus pais, esta tecnologia é encarada
como sendo extremamente útil e importante, pois conduz a claros benefícios em
caso de emergência. O problema é que, na esmagadora maioria das vezes, a
segurança é o pretexto para um controlo constante, efetuado contra a vontade
dos controlados e, consequentemente, minando as relações de confiança entre
pessoas de uma mesma família que, em primeiro lugar, deveriam confiar umas nas
outras.
Seguir constantemente a
localização de uma criança ou jovem através de uma qualquer aplicação instalada
num smart phone é equivalente injetar-lhes
um localizador GPS ou confiná-los a uma determinada área através de pulseira
electrónica. Em termos de educação, é a pior opção, pois em vez de se lhes
incutir responsabilidade, diz-se-lhes que não são dignos de confiança.
Para namorados ou cônjuges,
a questão da confiança é, também, a questão principal, embora às vezes a
desculpa seja a de que se quer sempre estar mais perto e saber sempre tudo
sobre o outro. Para além disso, há sempre o argumento de que “quem não deve não
teme”.
Mas será que os serviços de
localização poderão ser utilizados com vantagens em empresas (“temos que
controlar os nossos colaboradores durante as horas de trabalho”), por entidades
terceiras com fins comerciais (“queremos estar perto dos nossos clientes”), ou
por governos?
A resposta com que todos
parecem concordar é “Não!”. O que é certo é que, apesar disso, os serviços de
localização têm cada vez mais utilizadores e estima-se que o seu crescimento
continuará a ser acentuado.
As TIC continuam a
revolucionar o nosso mundo, muito para além do que julgaríamos ser possível. No
que toca a localização de pessoas e bens, os avanços têm sido de tal forma
extraordinários que aquilo que hoje é possível fazer depende apenas da
imaginação. A grande questão é, no
entanto, saber quando é que o possível se torna indesejável e quando é que o
indesejável se torna inaceitável. São esses os limites que há que encontrar
quanto antes pois, se não o fizermos, acabaremos por, paradoxalmente, nos
perder.