Ninguém duvida já que as
tecnologias da informação e comunicação (TIC) mudaram o mundo, em especial nos
últimos 20 anos. Todos os setores de atividade sofreram um profundo impacto com
as TIC, que revolucionaram métodos produtivos, serviços, negócios, ciência, ensino,
política, lazer e cultura, criaram novas profissões e incontáveis postos de
trabalho. Tiveram, portanto, um efeito na economia dos países e na economia
global.
E qual terá sido o impacto
nas “ciências da economia” propriamente ditas? Será que a Economia, aqui entendida
como o ramo do saber que, ao nível teórico, procura criar modelos que expliquem
os fenómenos económicos e, ao nível prático, procura aplicar, confirmar ou
refutar tais modelos mediante experimentação ou utilização em situações reais
(que me perdoem os entendidos esta definição, mas encontrei tantas definições
contraditórias que engendrei esta como a que me pareceu melhorzinha), acompanhou
a revolução gerada pelas TIC? A mim parece-me claramente que não.
A título de exemplo,
note-se a quantidade de críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI),
vindas de conceituados economistas, pelas medidas agora claramente consideradas
erradas que foram tomadas em recentes resgates a países europeus, medidas essas
também tomadas por conceituados economistas. Mas afinal andamos a brincar com
os povos de países inteiros, fazendo experiências e logo verificando que não
resultaram? Se isto fosse na área médica ou na área da engenharia há muito que
os responsáveis teriam perdido a licença, mas na economia tudo é diferente. É
que ninguém sabe nada de nada!
Os modelos são os do princípio
do século passado, 1929 mais coisa menos coisa. Só que o mundo atual não é o de
1929. As sociedades não estão isoladas, os países não estão isolados, as
pessoas não vêem apenas a sua família e os conhecidos do bairro. Hoje, o que uma
pessoa faz em qualquer canto do mundo pode ter impacto imediato em todo o
mundo. Uma medida tomada numa empresa, numa cidade ou num pequeno país é ou
pode ser conhecida imediatamente à escala planetária. E tudo isto por causa das
TIC.
Talvez a conclusão de tudo
isto seja a de que a Economia não existe. O que existe são as sociedades, a
psicologia, as ciências sociais, as tecnologias de comunicação, as redes
sociais, as pessoas, a opinião coletiva e individual, os desejos coletivos e
individuais, os anseios e os receios coletivos e individuais. E para um
sistema com tal complexidade, enormemente aumentada pelas TIC, não existe
modelo que valha. Deste ponto de vista, a Economia fracassou.