Artigo de opinião
publicado no diário ‘As Beiras’
em 11 de Dezembro
de 2012
Apesar da crise, nesta
altura do ano todos procuramos encontrar formas de dar prendas àqueles que são
importantes para nós. Todas as prendas têm uma mensagem associada – seja ela de
amor, carinho, ou estima – e, mais frequentemente do que se julga, essa
mensagem é tanto mais eloquente quanto maior o empenho que quem oferece colocou
na sua escolha.
Questões económicas à parte
– o que, nos dias de hoje, é bastante difícil para a esmagadora maioria das
pessoas, diga-se de passagem – porque não oferecer prendas mais tecnológicas?
Num mundo caracterizado por uma crescente dependência das tecnologias da
informação e comunicação (TIC), é certo que muitas prendas desse tipo serão
excelentes e fortemente apreciadas por quem as recebe.
Não será surpreendente o
facto de este tipo de ofertas ser mais do agrado das camadas mais jovens da
população, pois é próprio da natureza humana que nessas faixas etárias as
pessoas sejam, em regra, mais atreitas às descobertas, aos desafios e a tudo o
que represente novidade. Essa é uma característica fundamental para o
crescimento, para a superação de obstáculos e, portanto, para a maturação.
Por outro lado, também não
é surpreendente que sejam essas as prendas mais rapidamente esquecidas. Um dos
fatores que para isso contribui é, naturalmente, a obsolescência desses
equipamentos, ditada pelo constante avanço tecnológico e o consequente
aparecimento de equipamentos com melhores características e funcionalidade. Mas
o fator principal é o de que a promessa de desafio intelectualmente
interessante rapidamente se esvai ao fim de algumas utilizações. Em regra,
trata-se de equipamentos cujo potencial lúdico ou cultural foi fortemente
sobrevalorizado, nos quais a forma se sobrepôs claramente ao conteúdo no ato da
escolha.
Quantos desses equipamentos
resistem ao primeiro ano? Quantos são guardados, como recordações preciosas de
momentos importantes das nossas vidas? Certamente, uma percentagem ínfima. E
quantos brinquedos ou presentes menos tecnológicos são conservados ao longo dos
anos, décadas e, até, vidas? Incontáveis.
Destes, muitos são livros,
de todos os tipos, formas, tamanhos, idiomas e épocas. É que os livros têm um ritmo
compatível com a vida, transportam-nos para outros mundos sem sairmos deste,
encerram ideias, sentimentos e emoções que perduram no tempo e podem, até, ser
intemporais.
E, para além de tudo o
resto, os livros têm uma bateria que nunca se gasta, não precisam de
atualizações de software, não têm ‘crashes’, arrancam instantaneamente, são
imunes a vírus, e as suas páginas estão sempre disponíveis.
Por isso, agora que procura uma prenda ideal, uma prenda
que cause impacto, que seja lembrada, que perdure, porque não um livro? Há-os
para todas as idades, gostos e preços.