sábado, 27 de outubro de 2012

O poder é do povo


Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 26 de Outubro de 2012


Todos reconhecemos que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) são essenciais para o desenvolvimento e para a economia. Ao possibilitarem o acesso ao conhecimento e a fácil comunicação entre pessoas, as TIC potenciam todo o tipo de atividades e serviços. Se, de um momento para o outro, as TIC deixassem de estar disponíveis, a civilização não recuaria apenas algumas décadas mas sim duzentos anos, dado o impacto negativo de tal acontecimento.

Mas não é só para a economia que as TIC são essenciais. São-no, cada vez mais, para a cidadania, para a democracia e para a liberdade. Estudos recentes de natureza sociológica apontam claramente para o facto de que a utilização das TIC reduz a corrupção e tem um impacto positivo na qualidade das democracias.

Com efeito, o acesso generalizado à informação aumenta consideravelmente as possibilidades de detecção de atos de corrupção e esse facto é, em si mesmo, o principal fator inibidor da própria corrupção.  Sem informação não há controlo nem investigação, peças essenciais para o combate à corrupção.

Por outro lado, informação e conhecimento sempre foram sinónimo de poder. Não é à toa que governos de países não democráticos impedem o trabalho dos media, condicionam as comunicações e cortam o acesso à Internet em situações de crise. Quem controla a informação detém o poder. Foi e será sempre assim, e todos nos lembramos da recente primavera árabe e do papel que as TIC, como instrumento de comunicação e sensibilização à escala global, desempenharam.

Com as TIC, o poder da informação passa a estar descentralizado e acessível a todos. Todos podem partilhar e gerar informação. Poder e influência são democratizados. E se isto é verdade para os países menos democráticos, não o é menos para a mais democrática das nações, seja ela qual for.

A verdade é que as TIC,  ao suportarem serviços como blogues e redes sociais, têm um potencial gigantesco nas transformações políticas. Inicialmente vistos como curiosidades, blogues e redes sociais são agora encarados como ferramentas cruciais para políticos e decisores, transformando o jogo e panorama políticos à escala global.

É certo que as TIC não passam de um instrumento. É até bom que não passem disso e não se subverta a sociedade – como por vezes parece querer fazer-se – por forma a que sejam as pessoas a subjugar-se aos ditames desta ou daquela tecnologia posta ao serviço de uma sociedade cada vez mais processual e menos substancial, e não o contrário.

Não se pode negar, no entanto, que as TIC são um instrumento poderosíssimo e uma defesa para todos os cidadãos. As TIC reduzem a assimetria de informação entre cidadãos e governos, possibilitando que aqueles se façam ouvir. Nunca como agora o poder pertenceu tanto ao povo.

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