Artigo de opinião
publicado no diário ‘As Beiras’
em 15 de Outubro
de 2012
A tecnologia RFID (radio frequency identification) tem já alguns
anos, sendo bastante madura. Esta tecnologia permite ler informação armazenada
numa etiqueta, sem necessidade de contacto entre a etiqueta e o leitor, que
podem estar distanciados até vários metros. Existem algumas variantes de RFID,
podendo as etiquetas dispor de bateria ou não. Neste último caso, as etiquetas
funcionam com a própria energia electromagnética emitida pelo leitor.
Todos conhecemos várias
aplicações da RFID, desde o pagamento automático de portagens aos chamados
microchips implantados em animais de estimação, passando pelos dispositivos
antirroubo largamente utilizados no comércio. Basicamente, esta tecnologia
permite que objetos ou entidades sejam identificados de forma electrónica, o
que pode ser utilizado para uma série de ações subsequentes.
Por exemplo, com esta
tecnologia pode identificar-se individualmente cada bovino de uma exploração e,
por detecção da sua presença junto de um posto de alimentação, saber se comeu,
quando comeu e/ou quanto comeu.
É claro que a tecnologia
RFID não fornece esses dados só por si, tendo que ser conjugada com outras
tecnologias de informação e comunicação (TIC) como, por exemplo, bases de dados
ou sistemas de informação.
Uma das áreas de aplicação
emergente desta tecnologia é a da localização. Devido ao diminuto tamanho da
etiquetas RFID, estas podem ser colocadas em qualquer dispositivo ou objeto.
Por exemplo, podem ser colocadas num portátil, num telemóvel, numa peça de
roupa, numa mochila ou num livro. Também podem ser injetadas em animais e há quem
defenda a sua utilização também em pessoas.
Aplicações para
acompanhamento de pessoas idosas em lares ou para monitorização de doentes
dentro de unidades hospitalares são cada vez mais referidas na literatura.
Também há projetos para utilização de RFID no controlo de alunos dentro das
instituições de ensino, permitindo determinar, entre outras coisas, a sua
presença nas aulas, informação essa que seria disponibilizada em tempo real não
só à direção da escola como aos respetivos encarregados de educação.
É claro que todas as
aplicações envolvendo pessoas são extremamente delicadas, porque interferem com
a sua liberdade e privacidade. Com a tecnologia atualmente disponível
poder-se-ia facilmente controlar o que se faz e onde se está. Muitos alegarão
que esse controlo deve ser feito e que só será feito por motivos de segurança
de todos e, inclusivamente, de cada pessoa.
Não me parece, no entanto,
que a utilização das TIC para esses fins seja benéfica. Independentemente de a
tecnologia permitir esta ou aquela aplicação, há algo que sempre se deve
sobrepor a tudo: a dignidade dos cidadãos, que não podem, em caso algum, ser
tratados como objetos.
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