segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um desafio olímpico


Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 30 de Junho de 2012


Na sociedade atual o desporto desempenha um papel cada vez mais importante, não só em termos sociais mas também económicos. A atividade desportiva movimenta quantidades incomensuráveis de dinheiro em todo o mundo e faz bem à saúde de pessoas, empresas e economias.

É claro que num mundo tão tecnológico como aquele em que vivemos, não é de estranhar que as tecnologias desempenhem um papel extremamente importante nesta área de atividade. De facto, já há muitos anos que assim é, já que o desenho de vestuário, calçado e equipamentos desportivos sempre procurou tirar partido das melhores tecnologias por forma a maximizar o desempenho dos atletas.

Também já se pode encarar como tradicional a utilização de meios computacionais para analisar um sem número de parâmetros biomédicos recolhidos em ambiente controlado, normalmente em ginásio, com recurso a uma série de sensores de utilização mais ou menos incómoda. Apesar de esses dispositivos poderem ser desconfortáveis e afetarem o desempenho dos atletas, esses dados têm vindo a permitir revolucionar o desporto de alta competição.

Mas o avanço das tecnologias da informação e comunicação (TIC) abre largas perspectivas nesta matéria. A utilização de tecnologias de redes de sensores sem fios permite agora recolher dados enquanto o atleta está em treino normal (e até em prova), e não apenas em ambiente de laboratório.

Os sensores são agora suficientemente pequenos e leves para serem embutidos no vestuário, calçado e equipamentos dos atletas de forma imperceptível e, portanto, sem que tal afete o seu desempenho. Torna-se, assim, possível, recolher um manancial de dados que pode ser analisado quer em tempo real quer a posteriori.

Apesar do avanço tecnológico, muitos desafios ainda persistem na utilização de redes e sensores em atletas de alta competição. É certo que existem já muitos equipamentos disponíveis no mercado, mas são essencialmente orientados para o mercado amador já que a sua precisão é bastante baixa. Nestes casos o requisito da imperceptibilidade não existe e é perfeitamente aceitável obter dados aproximados. Além disso,  tal pode ser conseguido com equipamentos de baixo custo.

Já em alta competição os requisitos sobem vários patamares. É indispensável que os sensores sejam imperceptíveis para os atletas – o que leva a que tenham que ter baixo peso, baixo volume e quase sempre sejam colocados no calçado – e que tenham elevada precisão.

Seja como for, uma coisa é certa: para além do impacto decisivo que têm em muitas outras áreas, as tecnologias da informação e comunicação estão também a mudar a face do mundo desportivo, e contribuem de forma ativa para o ideal olímpico: citius, altius, fortius, ou seja, em bom português, mais rápido, mais alto e mais forte.

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