terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O ovo de Colombo





Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 30 de Janeiro de 2012


Muitas foram as revoluções ligadas às tecnologias da informação e comunicação (TIC), mas todas elas têm em comum o facto de terem tido um impacto à escala global.

Os primeiros computadores electrónicos, nas décadas de 1940 e 1950, revolucionaram a forma como a informação era obtida, processada e armazenada. Nos finais das décadas de 1960 e durante as duas décadas seguintes, o aparecimento e expansão da Internet mudaram a forma de utilizar os revolucionários computadores. No final da década de 1980, o aparecimento da World Wide Web (WWW) revolucionou, por sua vez, a já de si revolucionária Internet.

Para todos nós é já difícil imaginar um mundo sem computadores, sem Internet e sem WWW. São tecnologias que nos permitem aceder a um manancial de informação e serviços de forma extremamente fácil, essenciais para o mundo tal como o conhecemos. No entanto, pode dizer-se que a revolução maior foi aquela que foi provocada pelas chamadas redes sociais.

Apesar da Internet ter sido usada desde muito cedo para o suporte de uma série de aplicações que se podem classificar de interação social, só a partir de meados da década de 2000 é que se deu um crescimento explosivo das redes sociais.

Olhando para trás, por forma a explicar aquilo que aconteceu no passado – algo em que são bastante bons não só os historiadores mas, também, os sociólogos, os meteorologistas e os economistas (e, pelos, vistos, agora também os informáticos) – pode compreender-se, em boa medida, as razões desse crescimento e sucesso exponenciais. O que faltaria então, que passou a existir com as redes sociais?

A comunicação entre utilizadores já era intensa, com recurso ao correio electrónico, às aplicações de ‘news’ (muito populares nas décadas de 1980 e 1990) e ao ‘instant messaging’. O acesso a todo o tipo de informação estava em franca expansão, com o aparecimento vertiginoso de milhões de ‘websites’ e de vários motores de busca. A partilha de conteúdos também crescia a um ritmo intenso, com os sistemas ‘peer-to-peer’. O que faltava era, no entanto, algo bastante simples, algo que interessasse a milhões de utilizadores não técnicos e não especialistas, algo verdadeiramente revolucionário: a possibilidade de todo e qualquer utilizador criar e publicar conteúdos na Web, sem necessidade de ferramentas ou conhecimentos especializados.

É esse o extraordinário e verdadeiro motor das redes sociais. Pode este tipo de redes ter uma panóplia de outros serviços e possibilidades. Pode este tipo de redes servir para comunicar, para trabalhar, para impedir de trabalhar, para brincar, para aproximar, e até para afastar. Mas o verdadeiro ovo de Colombo destas redes é este: possibilitar que cada um se expresse e diga, para que toda a Internet saiba, “Eu existo”.

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