domingo, 31 de julho de 2011

A Internet das coisas


Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 25 de Julho de 2011


Dizem as previsões que por volta de 2015 haverá quinze mil milhões de dispositivos ligados à Internet, ou seja, mais do dobro dos habitantes do planeta. Significará isto que a Internet deixará de ser uma rede para interligar pessoas e passará a ser uma rede de ‘coisas’?

A Internet dos dias de hoje é usada não só por pessoas, mas também por dispositivos ou objetos com alguma “inteligência”, isto é, com capacidades de processamento que lhes permitem, entre outras tarefas, enviar e receber informação através da rede, quer como resposta a comandos executados por humanos quer de forma autónoma.

A comunicação pessoa-objeto ou objeto-objeto tem por objetivo fundamental aumentar o leque de serviços disponíveis, tornando-os mais sensíveis ao contexto e mais “conscientes” de aspetos sociais e ambientais. Por exemplo, a ligação de dispositivos sensores e actuadores à Internet permite uma integração de mundos reais e virtuais, possibilitando que os utilizadores humanos tenham acesso a – e controlem – entidades e grandezas físicas através da Internet.

Através da Internet pode passar, assim, a ser possível aceder a variáveis ambientais numa habitação, controlar um processo fabril, monitorizar o funcionamento de componentes críticos de uma aeronave ou, simplesmente, verificar o stock de mantimentos no nosso frigorífico. O próprio frigorífico poderá proceder à encomenda de mantimentos num supermercado, através da Internet, se esse stock baixar para valores pré-definidos. Um carro poderá, também, agendar uma reparação quando detectar algum problema no seu próprio funcionamento.

De facto, o conceito de Internet das coisas pode ser levado tão longe quanto se queira. Com dispositivos cada vez mais “inteligentes”, estes poderão utilizar informação de contexto, analisar intenções e comportamentos humanos e atuar em vez das pessoas. Tal poderá ser útil, por exemplo, na monitorização de doentes em ambulatório. Se sensores de movimento e de posição detetarem que uma pessoa está imóvel, caída no chão de sua casa, poderão estabelecer de imediato uma videochamada com uma equipa de emergência ou com as autoridades, desencadeando uma ação de socorro.

A Internet das coisas abre enormes perspectivas de negócio, sendo encarada como um fator muito promissor para a economia de muitos países. Também abre muitas perspectivas em áreas chave como o lazer, a saúde, a segurança civil, a segurança militar e, até, a administração de países e territórios. É por isso que, a nível mundial, se investem já muitos milhares de milhões de euros na investigação e desenvolvimento nesta área.

Há, no entanto, que ter especial cuidado com este tipo de tecnologias, pois facilmente poderão ser desenvolvidos serviços que ponham em causa a privacidade, a independência, o livre arbítrio, a segurança e a liberdade das pessoas. Há que não esquecer que se é certo que a Internet será, no futuro, das coisas, o Mundo nunca poderá deixar de ser das pessoas.

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