terça-feira, 19 de julho de 2011

A lição de Camões


Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 18 de Julho de 2011









Um requisito essencial para o sucesso de uma boa parte das atuais empresas, especialmente se forem de cariz tecnológico, é terem capacidade de adaptação à mudança. Nas últimas décadas são inúmeros os exemplos de mudanças que alteraram radicalmente o negócio de milhares de empresas, algumas das quais de grande dimensão.

Um dos mercados mais sujeito a mudança é o das comunicações móveis. Até à década de 1980 este tipo de sistemas era de utilização extremamente reduzida. O desenvolvimento dos sistemas de comunicações celulares de primeira geração (1G) , na década de 1980, foi um passo importante no sentido da utilização mais alargada das comunicações móveis. No entanto, os sistemas 1G estavam reduzidos ao suporte dos serviços de voz, tendo fortes limitações de capacidade e segurança decorrentes da sua natureza analógica.

Na década de 1990 os sistemas celulares de segunda geração (2G) revolucionaram as comunicações móveis. Inteiramente suportados em tecnologia digital, caracterizaram-se por grande capacidade em termos de número de utilizadores, mobilidade generalizada dentro e entre redes, vulgarização de novos serviços – como, por exemplo, identificação do chamador, gravação de mensagens e SMS – para além de serviços de transferência de dados de baixo débito, como é o caso do GPRS. O sistema Europeu GSM esteve na base do enorme sucesso da tecnologia 2G, ainda largamente utilizada nos dias de hoje.

Por forma a dar resposta à forte apetência dos utilizadores por serviços multimédia e de acesso à Internet, foi desenvolvida a tecnologia de comunicações móveis de terceira geração (3G), com capacidade para débitos de dados relativamente elevados – até dois milhões de bits por segundo (2 Mbps) – e para o suporte de uma multiplicidade de serviços, muito para além do tradicional serviço de voz. Esta tecnologia – que, nas redes de acesso, se designa por tecnologia UMTS – começou a vulgarizar-se nos meados da década de 2000.

A evolução da tecnologia UMTS, designada E-UMTS, está na base dos emergentes sistemas de tecnologia LTE (Long Term Evolution), que podem considerar-se como um passo intermédio para os sistemas de quarta geração (4G). Os sistemas 4G serão caracterizados por se basearem nos protocolos da Internet, suportarem múltiplas tecnologias de redes de acesso e disponibilizarem débitos da ordem das centenas de Mbps. No caso da tecnologia LTE, cuja utilização generalizada se antevê para meados da década de 2010, o débito binário ronda os 100 Mbps.

Vemos, assim, que no espaço de poucas décadas – e devido à procura dos utilizadores – se passou de serviços unicamente centrados na voz para todo o tipo de serviços, nos quais a voz representa uma pequena parcela. Este é um claro exemplo daquilo que já no século XVI nos ensinou Luís de Camões: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades”.

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