terça-feira, 4 de setembro de 2012

Estaremos preparados?



Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 3 de Setembro de 2012


Muitos dos avanços tecnológicos foram impulsionados por motivações militares, quer de natureza ofensiva quer defensiva. Um dos exemplos mais marcantes é o da própria Internet, cuja origem, na década de 1960, está ligada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA).

Muita água passou debaixo das pontes desde os primórdios da Internet, de tal modo que parece que vivemos já num outro planeta. A Internet e as tecnologias da informação e comunicação (TIC) mudaram o mundo, não pela via militar mas sim por via da sociedade civil, de tal forma que hoje é impossível viver sem as TIC.

Não deixa, no entanto, de haver alguma ironia do destino no facto de as TIC serem agora encaradas como uma das mais temidas armas no nosso planeta. Alguns leitores pensarão, neste ponto, que esta é uma afirmação com um elevado grau de exagero, mas uma análise um pouco mais detalhada será suficiente para mostrar que assim não é.

As TIC são essenciais para todas as áreas da atividade, desde a agricultura ao comércio, passando por todo o tipo de indústrias. Para um número incontável de empresas e entidades o ataque mais temido é um ataque aos seus sistemas informáticos, à sua informação, já que tal ataque as poderia tornar inoperacionais. A ligação em rede é essencial para essas empresas, mas é também a principal fonte de preocupação. Por isso se investe cada vez mais em segurança informática.

No entanto, a ameaça informática subiu recentemente para um outro nível. As TIC podem agora ser – e são-no, de facto – utilizadas por países para a chamada ciberguerra, quer em termos defensivos quer em termos ofensivos. A partir do momento em que se percebeu que um ataque cibernético pode por em causa infraestruturas críticas como redes de água, redes de eletricidade, redes de gás e redes de telecomunicações, as TIC passaram a ser de enorme importância para a segurança dos países.

A prova de que o perigo é real é o facto de os EUA e a Rússia estarem em negociações para o estabelecimento de uma linha de comunicação segura – e respetivas formas de funcionamento e utilização – para prevenir a ameaça de ciberguerra entre os dois países, à semelhança do famoso telefone vermelho criado em 1963, em plena guerra fria, para ligação direta entre a Casa Branca e o Kremlin. Conversações semelhantes decorrem, também, entre os EUA e a China.

A troca de informação entre estes países poderá evitar que, em presença de ciber-ataques não identificados, haja uma escalada de violência cibernética ou mesmo bélica, de consequências imprevisíveis.

Já ninguém parece duvidar de que as TIC são uma arma temível, no verdadeiro e literal sentido do termo. Neste contexto, importa perguntar: e nós, aqui neste cantinho à beira-mar plantado, estaremos preparados?

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