quarta-feira, 13 de junho de 2012

Os “es” e os “is”


Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 11 de Junho de 2012


Que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) mudaram o mundo em poucos anos é algo que ninguém contesta. Poucos duvidam, também, que as TIC  continuarão a provocar profundas mudanças, de forma imprevisível, durante muitos anos, provavelmente até aprendermos a lidar melhor com a híper-abundância de informação e serviços que elas propiciam.

É, por isso, claro que a educação e formação em TIC e com TIC são essenciais para a sociedade em geral e para o nosso país em particular. Não falo aqui de distribuir uns computadores por alunos e professores – aproveitando para estimular o mercado da informática e das telecomunicações – e pensar que está feita a formação em TIC, mas sim de formação em TIC e com TIC com pés e cabeça.

É certo que educação e formação nunca foi o forte do nosso país, que sempre preferiu hipotecar o futuro para fazer ‘flores’ no presente, mas será uma injustiça não dizer que, apesar de tudo, existem por cá boas ofertas de formação intermédia e superior em TIC. Bastará algum bom senso para as encontrar.

Por outro lado, por reconhecerem a importância das TIC na formação, muitas universidades e outras escolas nacionais e estrangeiras apostam fortemente no ensino à distância (o chamado e-learning) e na disponibilização de todo o tipo de conteúdos para todo o tipo de i-plataformas. Esta fartura de “es” e de “is” tem as suas vantagens e os seus inconvenientes.

O ensino à distância, possibilitado por um sem-número de plataformas informáticas, já não pode ser considerado um nicho de mercado, assumindo agora um papel central, fonte de receitas consideráveis. Não pode, por isso, ser deixado ao acaso ou à mercê de amadorismos, exigindo meios e profissionais especializados, por forma a torná-lo eficaz.

Os seus atrativos são vários. A redução ou eliminação de constrangimentos de distância e tempo, o acesso a informação atualizada e a facilidade de interação docente-aluno são alguns deles. Por outro lado, o e-learning é uma ferramenta de enorme importância na atualização contínua de profissionais das mais variadas áreas, já que não os obriga à interrupção da sua atividade para a realização dos cursos.

Mas, naturalmente, também há inconvenientes. Por muito estimulantes que as TIC possam ser, é um erro considerar que, só por si, podem ser motivação para uma aprendizagem de melhor qualidade. Não se pode, por isso, pensar que o e-learning substituirá todas as outras formas de ensino e aprendizagem, devendo-se sim encará-lo como ferramenta complementar ou específica para determinados ambientes.

É que, por muitos “es” e “is” que se juntem ao “learning”, por muitas plataformas de TIC que se utilizem, a verdade é que é a aprendizagem que é importante e não a forma mais ou menos apelativa com que ela se veste.

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