quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O cliente tem sempre razão




Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 21 de Fevereiro de 2012


Vivemos num mundo em rápida evolução, mas se existe uma área onde essa rapidez se destaca ela é a das tecnologias da informação e comunicação (TIC). A velocíssima mudança das TIC é ainda mais marcante pelo facto de, na prática, estas afetarem todas as áreas de atividade.

Longe vão os tempos em que o principal serviço dos operadores de telecomunicações era o serviço de voz. O início do fim da primazia da voz foi o aparecimento da Internet, já que a foi a crescente procura de serviços de dados por parte dos clientes que levou a que os operadores de telecomunicações percebessem o potencial das redes de dados e da Internet, levando ao surgimento de uma variedade de ISP (Internet Service Providers).

Foi essa mesma apetência dos utilizadores pelos serviços da Internet que levou ao aparecimento das tecnologias de quarta geração de redes celulares – vulgo 4G – das quais o nome mais sonante e grande candidato a próximo lugar comum é a tecnologia LTE (Long Term Evolution).

Com o LTE/4G os utilizadores – ou seja, os clientes das redes móveis de comunicação – passam a dispor de acesso extremamente rápido a todo o tipo de serviços existentes na Internet, sejam eles de voz, dados, multimédia e/ou de tempo real, a velocidades que poderão chegar às centenas de megabits por segundo.

Todos sabemos, no entanto, como diz o ditado, que não existe bela sem senão. E neste caso o ‘senão’ tem várias caras, revestindo-se de caráter tecnológico, económico e, como não podia deixar de ser, social.

Tecnologicamente, o maior desafio é o de conseguir atingir a enorme capacidade necessária para suportar milhares de utilizadores com débitos binários tão elevados. É em parte por isto que estamos a transitar para a televisão digital terrestre, pois as emissões analógicas irão deixar livres bandas de frequência necessárias para o 4G.

O desafio económico não é, no entanto, menor, principalmente em tempos de acentuada crise como os que atravessamos. Os operadores têm que fazer grandes investimentos, que têm que ser compensados pela faturação aos clientes que, por sua vez, querem pagar o mínimo possível pelos serviços.

Apesar de tudo isto, a história ensina-nos que o desafio social é sempre o maior. Para que a tecnologia 4G tenha sucesso é necessário que os utilizadores dela sintam necessidade, e muitas vezes isso depende mais de fatores subjetivos, ligados a questões sociais, do que de tudo o resto.

É por isso que vamos assistir num futuro próximo a agressivas campanhas de marketing, tentado convencer o cliente de que não conseguirá viver sem LTE/4G. Será que resultarão? Ninguém o sabe já que, independentemente da vontade dos operadores, são os clientes que fazem o mercado. Para não fugir à regra, também nas TIC o cliente tem sempre razão.

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