terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os Aventureiros





Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 31 de Outubro de 2011


O enorme potencial e a grande flexibilidade das tecnologias da informação e comunicação (TIC) permitem o desenvolvimento de um infindável número e variedade de aplicações. Parecem não existir limites para a utilização das TIC, que todos querem explorar das mais variadas formas e com os mais diversos intuitos. Ao contrário das selvas naturais – cada vez mais ameaçadas – a “selva informática” está em franco crescimento, atraindo um número crescente de pessoas, desafiando os audazes, impondo as suas duras regras, mostrando os seus perigos e selecionando vencedores e vencidos.

São variados os apelos da selva informática: a procura de benefícios (serviços, recursos, bens, riquezas), o gosto pelo conhecimento (tecnologia e ciência), a simples descoberta (atração pelo desconhecido) ou, ainda, o desafio de superar-se a si próprio e aos outros.

É inevitável que algo tão apelativo conduza a uma boa dose de ousadia e até, em muitos casos, de imprudência. Seria impensável que quem não se sabe orientar decidisse aventurar-se numa selva, mal conhecendo regras básicas e sem adequado equipamento de sobrevivência. No entanto, é isso que acontece, em grande medida, com as TIC, sendo frequentes os casos em que utilizadores e, até, decisores, se lançam inconscientemente às feras, sem qualquer preparação, confiando, simplesmente, na sorte.

Apesar de existirem leis e regras precisas para a utilização e exploração das TIC, elas são desconhecidas para a esmagadora maioria das pessoas. De facto, em termos de TIC parece que tudo se faz e tudo se tenta, à laia de Indiana Jones da selva informática, procurando um tesouro perdido e tentando impor a lei do mais forte.

Numa selva tão densa como a das TIC, muitos perigos só são reconhecidos tarde demais. Facilmente se pode perder o rumo: quais os objetivos e qual o caminho para os atingir? Facilmente se pode perder o bem mais precioso das TIC: a informação. Pode-se ser atacado de diversas formas, por entidades praticamente indetetáveis. Pode-se cair em todo o tipo de armadilhas.

Na selva informática a sobrevivência passa, necessariamente, por uma sólida formação e por metodologias de trabalho robustas. É indispensável saber o que fazer, como fazer e o que não fazer. É fundamental conhecer as ferramentas mais utilizadas, os principais riscos e as respetivas soluções.

Também neste tipo de selva, os safaris são uma boa solução: confiar em especialistas para nos guiarem por caminhos por eles conhecidos, com objetivos e programas claros, é uma boa forma de usufruir da selva informática em segurança ou, pelo menos, com risco controlado.

Hoje em dia já não se pode fugir da selva das TIC, nem se podem vencer todos os seus perigos. A melhor forma de lidar com ela é conhecê-la o melhor possível, aceitá-la e respeitá-la. Das TIC há que esperar o melhor, estando preparado para o pior, já que se trata de uma selva cheia de beleza mas pouco condescendente com aventureiros mal preparados.

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