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terça-feira, 7 de junho de 2011
Uma nova era
Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 6 de Junho de 2011
Todos reconhecemos que poucos factores são tão importantes para o desenvolvimento como as tecnologias da informação e comunicação (TIC), já que estas nos permitem acrescentar valor, aumentar a produtividade e criar riqueza em praticamente todas as áreas de atividade.
No entanto, numa altura em que o País escolheu os seus governantes e, numa importante encruzilhada do destino, optou pelo caminho a seguir, importa ponderar o papel que estas tecnologias podem ter, aprendendo com os erros do passado para sobre eles construir um melhor futuro.
Sempre que se utiliza uma nova ferramenta cometem-se muitos erros. As TIC não são exceção a esta regra. De facto, é precisamente pelo facto de as TIC serem uma ferramenta poderosa e complexa que esses erros são maiores e têm maior impacto.
É claro que cometer alguns erros é natural e, até, essencial para dominar qualquer ferramenta, já que o erro é parte integrante de todos os processos de aprendizagem. Não se pode é insistir teimosamente nos mesmos erros, não tendo humildade para os admitir nem inteligência para os evitar no futuro. A ânsia de fazer qualquer coisa com as TIC só porque estão na moda foi compreensível num primeiro momento, mas não é aceitável nos dias de hoje.
Curiosamente, o fator que mais induz a tomada de decisões erradas no que diz respeito à utilização das TIC está relacionado com a sua maior força: a versatilidade que elas proporcionam. É esse fator que faz com que, para os menos conhecedores, as TIC sejam encaradas como panaceia para todos os males e como fórmula mágica para o desenvolvimento.
Naturalmente que as TIC resolvem muitos problemas e têm grande potencial como motor de desenvolvimento, mas esse facto não dispensa que a sua utilização tenha que se reger por metodologias bem definidas, há muito conhecidas de qualquer profissional com experiência na concepção e desenvolvimento de sistemas.
Assim, fases como o planeamento, a análise de requisitos, a concepção da arquitetura geral, o desenho de interfaces, a construção, a realização de testes, a disponibilização aos utilizadores e respectiva avaliação e, ainda, a manutenção, são etapas do desenvolvimento de qualquer sistema.
Destas, talvez a falta de planeamento – comportando a definição dos objectivos e âmbito do sistema, a definição das tarefas e calendarização do desenvolvimento, a análise de riscos e a estimativa de custos – seja o pecado capital de um substancial número de desenvolvimentos em TIC.
A experiência dos últimos anos mostra que muito do investimento em TIC realizado quer no sector público quer no sector privado ficou muito aquém em termos de resultados e impacto, apesar de em muitos casos ficar muito além do esperado em termos de custos. Tal deve-se, em grande medida, à falta de metodologias adequadas para o desenvolvimento. Também na utilização das TIC nos resta esperar que, com a mudança de rumo do País, possamos iniciar uma nova era.
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