quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A união faz a força






Artigo de opinião publicado no diário ‘As Beiras’
em 21 de Dezembro de 2011


Quando se fala em supercomputadores, a maioria das pessoas pensa em máquinas para cálculo científico intensivo, utilizadas por uma fração muito reduzida de eleitos. No entanto, os supercomputadores são fundamentais para todos nós e para a sociedade global, já que sem eles os motores de busca da Internet e as redes sociais não conseguiriam funcionar.

Mas o que é, afinal, um supercomputador? É, sem dúvida, uma máquina com enorme capacidade de processamento, normalmente medida em número de operações de vírgula flutuante executadas por segundo (floating point operations per second, flops).

Não nos esqueçamos, no entanto, que os supercomputadores de ontem são os pequenos computadores pessoais de hoje. Note-se, por exemplo, que há mais poder de cálculo num telemóvel dos dias de hoje do que nos computadores de bordo da Apolo XI, que levou o Homem à Lua ou, ainda, que há mais capacidade de processamento numa boa consola de jogos atual do que num supercomputador de meados dos anos 1990.

Mas será possível que o vertiginoso ritmo de evolução dos computadores se mantenha como até aqui, principalmente no que diz respeito aos supercomputadores?

Os supercomputadores atuais são já compostos por conjuntos de milhares de microprocessadores, precisamente porque existem dificuldades práticas em construir processadores cada vez mais potentes. Os microprocessadores atuais estão já perto de limites praticáveis em termos de capacidade de processamento, simplesmente porque fazer trabalhar mais depressa as centenas ou milhares de milhões de transístores que os compõem geraria um aquecimento tão grande que destruiria o próprio microprocessador.

O maior obstáculo à evolução dos supercomputadores é, assim, o consumo de energia. Os atuais supercomputadores consomem entre 4 a 6 megawatt, o que é equivalente ao consumo de uma cidade pequena. Com a tecnologia atual, para um computador ser capaz de atingir um trilião de flops (ou seja, um exaflops, isto é, dez elevado a dezoito flops) o consumo estimado seria próximo dos 1.5 gigawatt. Considerando que haverá ganhos de eficiência decorrentes de melhoria da tecnologia, os especialistas estimam que, mesmo assim, o consumo seria na ordem dos 70 megawatt, ou seja, mais ou menos o consumo de toda a cidade de Coimbra. Provavelmente, tal equipamento derreter-se-ia a si próprio, a não ser que ocupasse uma área descomunalmente grande.

Serão tais computadores impossíveis de construir? Para já sim, mas o tempo o dirá. Talvez por isso se recorra cada vez mais à cooperação entre vários supercomputadores, ligados entre si, para atingir cada vez maior capacidade de cálculo. É a chamada computação em malha, também conhecida por grid computing. Afinal, também no caso dos computadores a união faz a força.

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