Nos últimos tempos temos
sido confrontados com inúmeras notícias sobre ciber-espionagem, cujo alvo não
são apenas os cidadãos comuns mas também líderes mundiais e países inteiros.
Como é natural, pouco se sabe sobre estes casos mas uma coisa é certa: para
além dos fins mais pacíficos e meritórios, as tecnologias da informação e
comunicação (TIC) são também utilizadas para inúmeras atividades ilegais,
obscuras ou inconfessáveis.
É pouco reconfortante saber
que quase todas as comunicações, bases de dados, aplicações e serviços podem
ser – e, em vários casos, são – alvo de acesso ilícito. Por outro lado, a
muitos ainda espanta que certas ‘apps’ que instalamos em smartphones e tablets para
os fins mais inocentes possam, afinal, ser utilizadas por terceiros para
recolher informação sobre os seus utilizadores, como sejam a localização, os
sites aos quais acedem, as atividades que realizam.
Se a isto juntarmos o facto
de que cada vez mais informação e serviços de pessoas individuais e coletivas
residem na ‘núvem’ – o tão apregoado cloud computing – vemos que hoje em dia é
quase impossível escapar a uma vigilância que ultrapassa em muito as mais
pessimistas previsões feitas por George Orwell no seu famoso livro “1984”.
Mas, infelizmente, o
problema não se fica por simples, embora graves, violações de privacidade e de
direitos fundamentais. A questão é que da ciber-espionagem à ciberguerra vai um
passo muito curto pois, por um lado os meios são basicamente os mesmos e, por
outro, os fins também podem ser em boa parte coincidentes.
A diferença, no entanto, é
que a ciberguerra pode crescer de tal forma que os resultados podem ser tão ou
mais devastadores do que as guerras convencionais. Hoje em dia tudo é
vulnerável a ciber-ataques. Bancos, bolsas, redes eléctricas, de água, de gás e
de telecomunicações, hospitais, serviços de emergência e muitos outros não
podem já funcionar sem recurso às TIC, pelo que um ataque informático a esses
sistemas pode paralisar um país ou grupo de países, causando incontáveis
vítimas mortais.
Não falamos aqui de ficção,
infelizmente. Existem vários ataques informáticos documentados a vários países
desde o ano 2007. Para além destes, muitos são abafados pelos próprios países
atacados para não piorar uma situação que começa a ser incontrolável.
Há quem diga que é
urgentemente necessária uma “Convenção de Genebra” para a ciberguerra, que
impeça certos tipos de ataques e que imponha alguns limites, ditados, por
exemplo, por razões humanitárias mas não só. Infelizmente, na ciberguerra não
há regras, o inimigo não é conhecido e dificilmente pode ser responsabilizado. Para
além disso, nem são necessários grandes investimentos em “armamento”. Por tudo
isto, a solução para o problema está ainda longe de ser conseguida e é certo
que, infelizmente, mais e mais graves ataques informáticos se registarão no
futuro próximo.
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